Uma passagem rápida por coisas importantes
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publicado por Mimosa, em 03.11.03 às 09:52link do post | favorito

Tenho desde miúdo, um fascínio especial por comboios!
Quanto mais não seja, pelo facto de ter uma dislexia muito própria relativamente ao nome próprio destes veículos “sobre carris”, e nomeadamente, na relação que estabelecem com outros veículos de transporte – os autocarros.
Hoje, troco com frequência estas duas palavras!*

O que me levou a escrever este post, não foi tanto o reportar de um problema, mas antes, o relatar do meu regresso à minha cidade, após um acontecimento especial que se verificou no Sábado passado – o jantar do Blog!

É especial a forma como os comboios ( ia mesmo escrever autocarros, acreditem! ) surgem sempre à hora que uma pessoa precisa. Ou seja, cheguei às 15:55 a Santa Apolónia, dirigi-me ao balcão e pedi um inter-cidades para Coimbra!Havia já um, prontinho, na linha um...Infelizmente, só havia primeira classe!
Não é que eu não a merecesse, mas a festa do dia anterior tinha-me ficado...”puxada”! Eis então que a patroa me alerta:
“Há no entanto outro ( comboio rápido ), na linha 5, que vai para Harvey ( onde é que isso fica?) e que passa por Coimbra! Não tem lugares reservados, e custa o mesmo que o Inter-cidades em 2ª! 11 euros! Parte daqui a 6 minutos!”
Bora lá!
Chego ao comboio, e deparo-me com carruagens de cores diferentes.Umas com mais janelas, outras completamente fechadas, umas com pequenas divisões-dormitório, carruagem restaurante, etc. Entrei naquela que dizia 2ª classe!
Como não tinha lugar marcado, decidi esperar e aceitar o facto dos outros terem que se “restringir” ao lugar “imposto” - dentro das cabines ( eram espaços individuais com portas de correr, com uma calha no exterior, e com capacidade para 8 pessoas. O material predominante é a madeira artificial! ).

Esperei que arrancasse! Nunca me tinha acontecido, estarem tantas pessoas à volta a chorar, mas percebi que, sendo um comboio internacional, a viagem iria ser longa e a ausência dos entes queridos...prolongada! Justificava-se portanto!

Preferi não me sentar durante grande parte da viagem, para poder apropriar-me da paisagem - não é todos os dias em que posso andar de comboio, à janela, sem que ninguém me chateie! Não deixa de ser curioso o facto de que ninguém reclama por lhe estarmos a obstruir a passagem ( o corredor só tinha 1 metro! )! Nestas viagens, existe uma certa cumplicidade, pelo facto de, partilharem um espaço comum, durante um tempo prolongado. Por isso, trocam-se sorrisos, cigarros, olhares....partilham-se histórias, bolachas, revistas e experiências.

Partilhei com estas, a experiência de conhecerem um “pedaço” do país...de Lisboa a Coimbra. Comunguei da opinião que, este país é bonito de se ver ( mesmo a OGMA tem um jardineiro qualificadíssimo, pelo que pude descirnir a 120 Km/h ), em pé, e lá do alto de um comboio.
Gosto especialmente da forma como encaramos a perspectiva do cenário. Ao invés, de apropriarmos o espaço em profundidade ( quando conduzimos ), aqui participa-se da amplitude do espaço, que se rege e formula no horizante por um eixo de rotação - o infinito. Aliás, e mesmo quando viajamos de autocarro, nunca temos as paisagens a moverem-se com tanta ligeireza...Faz-me lembrar aquele movimento seguro do cavalo à frente do touro, quando troca as patas e anda lateralmente, com a convicção de quem sabe do que está a fazer. Gostei especialmente da forma como os campos de milho, os edifícios industriais, as oliveiras, as ovelhas, as estradas, os automóveis estacionados perpendicularmente à linha, as pessoas que nos acenam, os apeadeiros e as casas se lateralizam e curvam, perante a imponência de um comboio.

Foi de facto uma viagem rápida ...com excepção dos períodos em que “acordava” quando nos cruzávamos com outro comboio, deu para me recordar do concerto do Ben Harper – “O Robbie Williams do reggae” – e do jantar do Blog! Ganda bife, pá!

Já vos disse que gosto de autocarros?

*O meu caso está a ser análisado e acompanhado por diversos psiquiatras, e é motivo de colóquios internacionais...
É com frequência que digo:
“Despache-se, que tenho que ir apanhar o autocarro na Estação!” ou então “Pode apanhar naquela paragem, o comboio nº 7, para o Tovim!”.As pessoas olham para mim, com alguma indignação, mas nem dou por isso! Enfim...


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